Tandara diz não concordar com a participação de Tiffany, atleta trans, na Superliga

Tandara Caixeta, atleta campeã olímpica em Londres 2012, em entrevista à imprensa esportiva já havia dito que era contra a participação de Tiffany, mulher transsexual, na Superliga Feminina.

O episódio ocorreu em 2018, após a disputa de Osasco da Tandara, e Bauru de Tiffany. No final da partida, a atleta disse que por questões fisiológicas, não concordava com a inclusão de Tiffany em um campeonato feminino.

Recentemente, em entrevista à Agência Brasil, Tandara conversou a respeito do retorno às quadras em pandemia, o ingresso no Osasco, as expectativas para Tóquio e ainda, manteve o seu posicionamento sobre Tiffany.

Tandara diz não concordar com a participação de Tiffany, atleta trans, na Superliga
Fonte: (Reprodução/Internet)

Atletas trans e o caso Tiffany

Tiffany Abreu é uma mulher trans nascida no interior do Pará. Iniciou a sua vida profissional na Superliga Masculina B, defendendo o Juiz de Fora e o Foz do Iguaçu. Saiu do país em busca de realizar a sua transição de gênero.

Em 2017, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) apresentou a permissão da participação de atletas transsexuais em seus devidos gêneros. Com esta decisão, Tiffany pôde participar da Superliga Feminina. O Sesi Bauru foi o clube que a abraçou, e Tiffany se mantém na equipe até a temporada atual. 

Regulamentação para participação em campeonatos

 Para a liberação de Tiffany nos campeonatos femininos, o Comité Olímpico Internacional (COI) e a FIVB desenvolveram exigências. A quantidade de testosterona deve ser calculada e estar abaixo de uma certa quantia.

O permitido é no máximo 10 nanomol por litro de sangue, com o exame feito 12 meses antes do torneio. Tiffany Abreu atinge, geralmente, a marca de 0,2 nanomol por litro de sangue. Por isso, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), liberou a atleta.

Tandara fala sobre a volta do vôlei 2020

A atleta que retornou ao Osasco na temporada 2020/21, foi entrevistada pela Agência Brasil. Em resposta ao questionamento do porquê o clube Osasco foi o escolhido pela atleta, Tandara justificou que é o clube que abriu as portas para ela, e que é a sua casa. Ainda ressaltou que a filha está em São Paulo, o que fez que ela continuasse no clube sediado na grande metrópole.

Em relação à volta as quadras, já que houve liberação pelo governo paulista para a volta de competições. Tandara disse que no começo a folga foi boa, mas já estava sentindo saudades da bola. 

A oposta osasquense afirma que o Brasil não é o favorito como vencedor de Tókio 2021. E ressalta, que a quarentena deu tempo para algumas atletas se recuperarem. Por fim, Tandara se considera a melhor jogadora do Brasil e diz que precisa treinar para sempre melhorar.

Programa apoia a inclusão de atletas trans

A atleta faz parte do projeto “Atletas pela Democracia”, união que vai de contra ao projeto de lei 346/2019, que visa a proibição de atletas trans em São Paulo. Entretanto, é contra a participação de Tiffany na Superliga. A Agência Brasil solicitou a opinião da jogadora sobre isso.

“Falei mesmo há um tempo. Da mesma maneira que a Tiffany foi autorizada a participar, ela não pode ser proibida por um projeto desses. Deve ser feito um estudo mais aprofundado. Mas a minha opinião não mudou. Eu respeito muito a Tiffany. Não tenho briga com ela”, responde Tandara.

Projeto de lei tenta proibir 

O projeto de lei 346/2019 foi criado pelo deputado estadual de São Paulo, Altair Moraes, do partido republicano. O documento diz que o sexo biológico seria o único critério para definir gênero em competições esportivas.

Se aprovado, Tiffany Abreu não poderá mais atuar no estado de São Paulo. Segundo o COI, a FIVB e a CBV, a atleta tem total liberação, pois cumpre os requisitos das instituições reguladoras do vôlei mundial. Confira o posicionamento de deputados, intelectuais e da própria atleta.