Após a divulgação de que um botafoguense filmou uma mulher, para fins sexuais, no estágio Nilton Santos, torcedores do Botafogo criaram a organização “BotaFOGO no Assédio”, com o intuito de apoiar e combater o assédio à vítimas que torcem para o time alvinegro.
Na última quinta-feira (10), diversas mulheres denunciaram um torcedor membro de uma organizada. Em resposta, o Botafogo informou à reportagem do Globo Esporte que um processo será aberto, e a investigação sobre o caso, realizada.
Em nota oficial, o clube ainda disse que entende a gravidade dos relatos e que repudia tais atos de assédio. Por fim, concluiu que dentro da instituição, situações como essa não serão admitidas e que exige respeito às mulheres.
Confira, na notícia a seguir ,as denúncias e o destino do assediador na torcida botafoguense.
Mais de 60 mulheres foram assediadas
A denúncia foi feita por Tamires de Morais, em seu perfil do Instagram. A publicação tratava sobre um homem que a moça conheceu em 2017, em uma partida da Libertadores. O relato diz que o moço a abordou na mesma rede social e a ofereceu que fosse modelo de sua clínica.
“Eu bloqueei ele, mas ele fez outros perfis para me mandar mensagem, e eu bloqueei em todos. Ele não sei como, conseguiu meu Whatsapp e começou a me assediar por lá. Fiquei muito nervosa […] mas ele sumiu. Agora ele reapareceu. Agora está piorando, porque ele está encostando nas meninas”, completa Tamires.
Por fim, a torcedora disse que por ele ser conhecido, ele está abordando as meninas novas da torcida, e frisou que uma amiga caiu nessa e apareceu na clínica dele, porém com o namorado. Tamires disse ter medo em quem pode ir desacompanhada, e disse que o relatou foi feito para criar uma rede de apoio e “parar esse cara”.
Tamires e o “BotaFOGO no Assédio” conta com mais de 60 relatos, de diferentes mulheres, que relatam casos semelhantes. O esquema se mostra o mesmo, as mulheres são convidadas para a clínica de fisioterapia, para pousarem com lingeries e biquínis.
Uma torcedora, com nome não divulgado, afirmou que foi à clínica acompanhada aos pais. Ao chegar no local, a clínica parecia fechada, com apenas o homem trabalhando. Ainda, disse que notou que o homem pareceu desconfortável, e acelerou todo o processo.
Segundo a justiça, é um caso de perseguição obsessiva
Maíra Zapater, professora de Direito da Unifesp, explica que o caso de Tamires se encaixa como perseguição obsessiva, e que não é crime no Brasil. Porém, é configurado como contravenção penal, o que gera uma prisão de 15 dias a dois meses, ou multa de 200 mil reais.
A especialista ressalta a importância de que, para que as situações não voltem a ocorrer, as torcidas organizadas e os clubes devem se organizar e realizar uma abordagem diferente, como punições e investigações.
O torcedor foi banido pela torcida organizada
A “Loucos pelo Botafogo”, por meio do Twitter informou que o torcedor não fará mais parte do grupo, e que realizou contato com o clube alvinegro pra que providências sejam tomadas. Um trecho da publicação afirmou:
“Conforme reunião extraordinária dos Loucos pelo Botafogo, informamos que o indivíduo em questão não estará mais presente na torcida e nas dependências da mesma. Informamos para todos nossos integrantes e simpatizantes que qualquer tipo de assédio não será tolerado […]”.